segunda-feira, agosto 28, 2006

Ave, Augusto



Alguns que me conhecem, sabem que sou fã de Augusto dos Anjos, poeta brasileiro que nasceu em Santa Cruz do Espírito Santo, no Estado da Paraíba em 1884. Augusto era conhecido como "O Poeta da Morte", pos seus poemas serem sombrios e, até mesmo fúnebres. Sim, na verdade eram, mas, por sua vez eram geniais.
Me lembro certa vez, quando eu estava na 8ª série, eu coloquei no verso de uma prova um soneto dopoeta. A professora, preocupada, chamou minha mãe para conversar, achando que eu estava atravessando uma fase depressiva e temia que eu me suicidasse (é mole?). Minha mãe tranqülizou-a dizendo que isso era coisa minha e de mau pai, qua ficávamos declamando Augusto dos Anjos pela casa...
Bom, para quem não conhece, abaixo vem um dos poemas de Augusto dos Anjos que mais gosto...


A ÁRVORE DA SERRA
- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha alma!...

- Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!